Fotos Produção Cultural 2011

quarta-feira, 11 de abril de 2012

REFORMULAÇÃO DO LabPP-Esc PARA LabPD-Arte

1. O LabPP-Esc e o projeto SIGMA 7622

O LabPP-Esc é um laboratório equipado com microcomputadores (2), notebooks (3), impressoras multifuncionais (2), conexão com a web, equipamento de som (caixas, mesa e microfones) e uma filmadora digital.

O equipamento foi adquirido em 2008, com verba da FAPERJ de apoio ao projeto de pesquisa “Arte Ambiental: a Plástica dos Resíduos e a Plasticidade do Meio Ambiente” (Enéas de Medeiros Valle, SIGMA 7622), projeto isolado que tinha dois objetivos principais:

1) a criação de duas disciplinas interdepartamentais – Escultura e Reciclagem (BAW001) e Produção Cultural, Evento e Filmagem (BAW002) – ligadas diretamente à direção da EBA e abertas a todos os departamentos da EBA e a outras unidades da UFRJ;

2) o desenvolvimento de um projeto de extensão – Cineclube do Fundão / Festival Universitário de Arte e Sustentabilidade Ambiental (FUASA) – direcionado para a revitalização do Auditório Raymundo Moniz de Aragão (conhecido como Salão Azul) e da área recreativa localizada nos jardins adjacentes (informalmente conhecida como Bosque).

O LabPP-Esc – Laboratório Pablo Picasso de Estudos Transdisciplinares em Escultura, Produção e Direção de Arte – forneceu a infraestrutura necessária para essas atividades, desenvolvidas com pleno êxito durante dois anos e meio (2008-1 a 2010-1).

As disciplinas interdepartamentais serviram de suporte para o projeto de extensão universitária. Enquanto os estudantes de Escultura e Reciclagem pesquisavam a reutilização de resíduos sólidos e preparavam uma exposição para o final do período, os estudantes de Produção Cultural, Evento e Filmagem eram levados a pensar na plástica do meio ambiente através da produção cultural focada no Auditório Raymundo Moniz de Aragão, onde realizávamos ao longo do semestre eventos regulares, constituídos de sessões de vídeo e experiências performáticas, os quais serviam de preparação para a produção, no final do período, de um festival estudantil composto de exposição de arte, projeção de vídeos, performances, dança, feira ecológica, bandas de música, etc. Os estudantes de Escultura e Reciclagem participavam com a exposição dos seus trabalhos finais, a qual era o núcleo do festival e ocupava o corredor de acesso e o salão de espera do Auditório durante uma semana.

Graças às parcerias firmadas com os Profs. Nivaldo Carneiro (Escultura), Julio Sekiguchi (Pintura), Carlos Azambuja (Vídeo), Benito Gonzalez (Design), Samuel Abrantes (Indumentária), Augusto Kamel (Engenharia do Entretenimento, COPPE), André Meyer (Dança, EEFD) e Fernando Amorim (Engenharia Naval, COPPE), o festival tornou-se um evento multidisciplinar, caracterizado pela participação significativa de trabalhos experimentais, tanto de estudantes quanto de técnicos administrativos, assim como de projetos artísticos ou ecológicos desenvolvidos por professores de diversos cursos e unidades.

Após a realização dos festivais Luminus Lights (2008-1), Nossa arte meio ambiente (20008-2), Pró-FUASA (2009-1), 1º FUASA (2009-2) e 2º FUASA (2010-1), o projeto de extensão teve que ser suspenso por causa do início da obra de recuperação do telhado das salas onde funcionava o LabPP-Esc, o qual foi transferido provisoriamente em 2010-2 para uma sala de plástica (gesso) e ficou sem condições de pleno funcionamento. Por causa do atraso na conclusão das obras, o retorno do material e do equipamento do LabPP-Esc para as salas reformadas só pôde acontecer no meio do período 2011-1, o que inviabilizou a produção da exposição dos estudantes de Escultura e Reciclagem e do 3º FUASA.

Em 2011-2 transferi-me para o Departamento de História e Teoria da Arte – BAH – e por isso assumi novas disciplinas (Estética I e História e Filosofia da Arte I, II e III), enquanto as disciplinas interdepartamentais deixaram de ser oferecidas. Com isso, o projeto de pesquisa SIGMA 7622 foi encerrado e surgiu a necessidade de reformulação do LabPP-Esc.

2. Resultados do projeto SIGMA 7622

O primeiro resultado a destacar é a revitalização de alguns espaços ociosos e em processo de degradação. Por um lado, a instalação do LabPP-Esc significou a recuperação de duas salas da EBA, que se encontravam ocupadas com entulho. Por outro lado, os eventos e festivais produzidos pelo LabPP-Esc trouxeram para a discussão a reforma e a revitalização do Salão Azul, isto é, do Auditório Raymundo Moniz de Aragão, o qual se encontrava em 2004 totalmente abandonado, infestado de cupins e sem refrigeração.

Graças a uma parceria com o Projeto FAU, o LabPP-Esc elaborou um projeto de reforma para o Auditório que prevê a transformação, a baixo custo, desse magnífico cine-teatro modernista em um centro de convivência com mediateca, sala de leitura e jogos de inteligência, Internet e galeria de arte, além de uma programação regular de eventos audiovisuais (sessões de vídeo, performances, etc.) no auditório, que dispõe de tela fixa para projeção cinematográfica e de uma sala de projeção ociosa, própria para a instalação do acervo da mediateca, sendo necessárias somente pequenas adaptações tecnológicas, como a instalação de um aparelho de DVD fixo e de caixas de som também fixas.

O projeto de reforma foi encaminhado à Decania do CLA, a qual não o acolheu, mas realizou todavia em 2011 uma reforma superficial do Salão Azul, restrita ao conserto do sistema de refrigeração e à recuperação das instalações existentes. Embora essa reforma tenha dado ensejo à mudança do nome do auditório, que passou a chamar-se Auditório Samira Mesquita, em memória à decana do CLA que fez construir a área de recreação (forno a lenha e mesas e bancos de cimento) do Bosque, isso tudo não alterou a atual condição de sub-utilização do Auditório, responsável pela sua deterioração progressiva.

Também merecem destaque os trabalhos desenvolvidos por estudantes de graduação no LabPP-Esc, graças ao apoio de bolsas da UFRJ. Alguns desses trabalhos foram apresentados na Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Artística e Cultural:

2008: Guilherme da Mata Cerqueira Silva – bolsa PIBIC (Iniciação Científica) – Portal da Web (Portal de Arte e Sustentabilidade Ambiental / Site do LabPP-Esc) – JIC 2009.

2009: Erik Jonilton Costa – bolsa PIBIAC (Iniciação Artística e Cultural) – Cartazes, folders, banners, adesivos, arte para camiseta (Programação visual do 1º e do 2º FUASA) – JIC 2010.

2009: Juliana Rezende Soares – bolsa PIBIAC (Iniciação Artística e Cultural) – Blog, slideshow e vídeos super curtos (Divulgação on-line e documentação do 1º e do 2º FUASA) – JIC 2010.

2010: Anderson Dias Batista Veiga e Juliana Rezende Soares – bolsas PIBIAC (Iniciação Artística e Cultural) – Instalações eletro-mecânicas para esculturas (assemblagens) de resíduos sólidos (Circuito de Trilhos – dois trilhos de 8 m cada, respectivamente com carrinhos movidos a energia elétrica, sobre os quais as esculturas se deslocam continuamente – e Tótens – bases giratórias para asemblagens de resíduos) – trabalho apresentado na exposição Transfronteiras – Enéas Valle (Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, 04/08 a 04/09/2011) – JIC 2011.

2010: Erik Jonilton Costa – bolsa PIBEX (Bolsa de Extensão) – organização do 2º FUASA e elaboração do projeto Cineclube do Fundão – Revitalização do Auditório Samira Mesquita, em parceria com o Projeto FAU.

2011: Erik Jonilton Costa e Brenno de Castro Barroso Alves – bolsas PIBIAC (Iniciação Cultural) – Pré-produção, produção e pós-produção do 3º FUASA.

Finalmente, o LabPP-Esc deu origem a uma rede de contatos e informação configurada no blog WWW.labppesc.blogspot.com e no endereço digital labppesc@gmail.com, a qual, além de servir de canal de divulgação dos eventos e festivais, transformou o espaço físico do Laboratório num ponto de encontro e convivência no campus para estudantes da EBA e da FAU engajados em produção artística e cultural.

3. Reformulação para LabPD-Arte

Em função do cancelamento das disciplinas Escultura e Reciclagem e Produção Cultural, Evento e Filmagem, as pesquisas em plástica e escultura foram canceladas e o Laboratório, que dispunha de duas salas – uma funcionando como estação digital e a outra como atelier de escultura e sala de aula – ficou resumido à estação digital, que inclui o equipamento de som, de gravação e de projeção.

Isso tem a vantagem de concentrar as atividades do Laboratório no campo transdisciplinar da produção e direção de arte, que é apropriado ao perfil do BAH, departamento que atende estudantes de todos os cursos profissionais da EBA, além de formar profissionais em História da Arte e Restauração e Conservação. Para o historiador e crítico de arte, assim como para o teórico em geral, a atividade teórica implica o exercício prático de trazer ao público informação e debate através de publicações impressas ou on-line e de eventos reais ou virtuais, cuja produção depende da base tecnológica que o Laboratório oferece.

Adequado e restrito ao trabalho de equipes relativamente pequenas, preferencialmente bolsistas, o Laboratório passará a se chamar Laboratório de Produção e Direção de Arte – LabPD-Arte – e passará a contar com a participação da Profa Rogéria de Ipanema na coordenação dos projetos. Sua meta em 2012 é a produção do 3º FUASA, cuja pré-produção está pronta e para cuja realização, em setembro próximo, estamos solicitando verba da PR‑3.

Esta reformulação implica a recriação da identidade visual e do blog do Laboratório, enquanto a produção do 3º FUASA significará o estabelecimento de um variado campo de parcerias em função do evento e de sua documentação em foto, texto e vídeo.

Enéas de Medeiros Valle

ESTUDANTE NÃO É ALUNO

A ditadura militar de 64 proibiu as organizações de classe dos estudantes e instituiu, graças às prisões, aos seqüestros e aos assassinatos das lideranças estudantis, a cultura do “aluno” universitário. Decorridas mais de duas décadas após a redemocratização do Brasil, a cultura do “aluno” universitário domina nos campi, apesar da volta à atividade dos centros acadêmicos, dos DCEs e da UNE.

Se é para falar sério de educação democrática, então é preciso, em primeiro lugar, levar em conta a diferença entre educação e ensino: como os verbos indicam, na educação a ênfase é no indivíduo (educa-se alguém), enquanto no ensino a ênfase é na coisa (ensina-se algo a alguém).

O individuo que ingressa numa universidade é, em regra, um jovem no final da adolescência e no início da vida adulta. A educação do jovem não pode ser a mesma do adolescente ou da criança. O trote é justamente um rito de passagem, para marcar na carne a entrada na vida adulta autônoma: o estudante terá que aprender a lidar com a liberdade e com a responsabilidade. Liberdade é escolha, opção, o que gera angústia e insegurança, enquanto responsabilidade é a capacidade de arcar com as conseqüências das opções assumidas, o que depende de esforço concentrado e de resistência a tensões.

A universidade que só ensina é a universidade do aluno, autoritária e anárquica, burocrática, distante do trabalho produtivo. A universidade do ensino integrado à pesquisa e à extensão, comprometida com a produção efetiva e a inovação tecnológica, com o público de carne e osso, seu vizinho, só pode ser a universidade do estudante.

Enéas Valle